Olá minha querida, minha menininha. Nossa, como eu queria poder te dar um abraço agora... Mas pelas circunstâncias da vida, não consigo. Você não tem ideia do que eu passei, é jovem demais pra entender certas coisas, e nem eu sei se entendo. 
Eu sei que nada do que eu te escrever, vai mudar o que passamos. Espero que ninguém precise conhecer a dor da perda para aprender o privilégio de ter, assim como nós.
Você está distante, e eu não falo de quilômetros. Os projetos de balanços, de casas de madeira, e a cadeirinha, aquela que você talvez mais se apegou, feita especialmente para você. Ela foi a coisa mais simples que construí, e a que tinha mais meu amor e coração nela. Ver o seu sorriso não tinha preço, te ver animada em receber um presente que eu mesmo tinha construído, fazia tudo valer a pena. Cada farpa da madeira, cada martelada no meu dedo, era um sorriso seu.
Lembro das suas visitas constantes aqui em casa. Lembro de você sempre querer subir comigo no pé de carambola e comer lá de cima mesmo, um montão delas. Lembro de sentarmos na mesa e tomar nosso cafézinho da tarde. Eu me lembro muito bem de você querer entrar na oficina depois do almoço, para tentar me ‘ajudar’ desenhando móveis com meus lápis “estranhos”.
Como eu adorava te levar no quintal para colher as rosas... E também as suas perguntas intermináveis sobre como cuidar delas. Você me ensinou a ver riqueza nas coisas mais simples da vida, Déh. Às vezes a gente só percebe a importância de um momento quando ele se torna uma lembrança, não é mesmo?
Eu sinto muito que não pude me despedir de você. Se não fosse por aquele fim de semana, se você não tivesse saído... Eu sinto muito mesmo. A sua ausência me destrói um pouco todos os dias e eu guardo você por entre as coisas mais bonitas, aquelas que não foram escritas mas que moram em mim. Eu levo seu amor para além da minha memória.
NEOQEAV... Esse nosso código nunca fez tanto sentido como agora... 
Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você.