TEXTOS AUTORAIS
Nessa página, vamos compartilhar parte do universo do Ballet pelos nossos olho e opiniões sobre determinados temas do Ballet, além de resenhas de filmes. Mais abaixo, vamos mostrar o que a equipe vem produzindo em forma da texto.
Restless Creature: Wendy Whelan - Crítica
Restless Creature: Wendy Whelan não é um documentário sobre dança, ou pelo menos não apenas sobre isso, aqui temos muito mais do que uma intenção de nos mostrar como o universo do Ballet pode ser glamoroso e corrosivo ao mesmo tempo, além disso, observamos como a dança pode representar tudo para alguém, desde um fardo pesado demais para se carregar como a sua maior glória.
Neste brilhante e excitante documentário, com a direção primorosa de Linda Saffire e Adam Schlesinger, acompanhamos a história e o dilema de Wendy Whelan, uma das bailarinas mais admiradas dos últimos tempos, que se vê em uma posição que nunca antes havia se visto em sua longa carreira de 30 anos na renomada companhia New York City Ballet. Agora, com 46 anos, Wendy precisa lidar com a sua primeira cirurgia, em seu quadril e com a companhia NYCB sutilmente cortando suas participações nos espetáculos por conta de sua idade e lesão.
A partir disso, o documentário nos leva ao interior da sua personagem principal, nos cativando com a sua personalidade aberta, sorridente e sempre simpática, fazendo com que o espectador indague se Wendy foi longe demais ou ainda pode se aventurar em mais apresentações. As filmagens de suas apresentações e imagens de arquivo são deslumbrantes, de encher os olhos, mas o que mais prende a atenção aqui, com certeza é Wendy, que é extremamente cativante e transparente com seus sentimentos e vida, permitindo que gravem desde encontros com seus amigos até momentos íntimos como o de sua cirurgia no quadril.
No decorrer do documentário, a construção da dúvida é excelentemente bem construída, deixando que a decisão entre aposentadoria ou uma última apresentação, sejam ambas dignas de serem escolhidas, pois acompanhamos a gravidade da lesão de Wendy, pelos relatos de seus fisioterapeutas e também observamos de perto a vontade e vigor que a personagem tem em continuar, pois, apesar da idade e da injúria física, ela ainda está com uma grande gana de seguir dançando. Além disso, aqui temos o dilema de quase todo bailarino (a), que é a dúvida do que ser após a aposentadoria, já Wendy cita que “Se eu não dançar, prefiro morrer”, deixando o espectador aflito por conta de esse dia estar em eminente chegada.
Força de vontade, determinação, humildade, humanidade e, acima de tudo, amor pela arte de dançar, isso tudo é Wendy Whelan, bailarina que aprendemos a admirar e respeitar não só pela maestria nos palcos e dedicação fora deles, como pela pessoa que é e é isso que faz com que o documentário tenha tantas camadas capazes de fazer com que a experiência de acompanhar a jornada de Wendy seja gratificante, inspiradora e acima de tudo, de tirar o fôlego.
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O Ballet Também é Para os Homens?
O ballet é um estilo de dança, que teve origem na Europa, no século XV. Porém, sua complexidade vai muito além de uma simples combinação de movimentos. É uma arte que procura expressar sentimentos, sensações, emoções, fantasias e experiências através do corpo. Apesar de hoje ser uma arte popularmente praticada entre as mulheres, será que o ballet também é para os homens?
Em sua origem, os espetáculos de ballet eram muito diferentes do que se vê hoje em dia. As apresentações tinham características e misturas de espetáculos musicais e teatrais, onde as danças eram praticadas exclusivamente por homens, com o intuito de encantar e entreter as autoridades da época. Com o tempo, este panorama se modificou até os dias atuais, no qual parece ter sido invertido. Mas por que este fenômeno acontece?
Pautado no preconceito e no machismo, algumas construções sociais nos distanciam da prática e do entendimento da arte como um todo. Essas limitações tendem a nos distanciar do real significado desta expressão artística e nos aproximar de uma interpretação errada, relacionada à homossexualidade.
Por ser uma dança intencionalmente delicada, grande parte da sociedade encara como uma prática feminina, sendo uma aversão ao estereótipo idealizado do homem. Devido ao preconceito e aos estigmas do bailarino, muitos pais não estimulam seus filhos homens, a praticarem ballet, seja para evitar a discriminação alheia ou a própria.
Sendo assim, compreendendo os nuances da dança, bem como as motivações para sua discriminação em relação a participação masculina, podemos afirmar, categoricamente, que sim: O ballet também é para os homens.
Privar uma criança de praticar uma dança, por mero preconceito, é um erro que pode dificultar o jovem a conhecer seu corpo e suas potencialidades. Tendo em vista que a dança trabalha não somente aspectos motores, mas também desenvolve as capacidades intelectuais e sócio afetivas, uma grande barreira (sendo assim, um grande desafio) para esta dança, é buscar novas interpretações para a arte, fazendo uma reflexão das possibilidades e da participação de uma parcela maior da sociedade, livre de pré-julgamentos inerentes ao ballet.
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Cisne Negro - Crítica
O Lago dos Cisnes é um Ballet dramático dividido em quatro atos, do compositor Russo Piotr Ilitch Tchaikovsky, que conta a história da princesa Odette, uma jovem aprisionada em um Cisne branco durante o dia, mas que à noite, revela-se em sua forma humana. O papel requer entrega, intensidade e uma dualidade impecável, sendo assim, difícil de ser interpretado por uma bailarina inexperiente ou até por uma bailarina consagrada, já que o Cisne branco é puro e imaculado e o Cisne negro tem a malícia no olhar e o desejo espelhado no corpo. Interpretá-los exige devoção aos personagens, de forma a convencer e conquistar o público. E essa é a dura missão de Nina, interpretada por Natalie Portman, que aqui, tem uma das suas melhores atuações na carreira.
Nina é uma jovem frágil, insegura e cheia de traumas que faz parte do corpo de Ballet do rigoroso professor Thomas Leroy, interpretado por Vincent Cassel, e que almeja conseguir o papel da princesa Odette, já que a estrela principal, Beth MacIntyre, interpretada por Winona Ryder, se aposentou. E a premissa do filme acompanha o dilema da protagonista e o caminho percorrido até conseguir o papel principal do Lago dos Cisnes, um dos maiores espetáculos de Ballet.
O mundo de Nina começa a desabar quando Thomas lhe diz que ela é perfeita para interpretar o Cisne branco, mas que lhe falta malícia e maldade para poder dar vida ao Cisne negro e isso a deixa devastada. Sendo assim, encontramos o ponto de partida para tudo o que acontece na história, que tem como pano de fundo a busca pela perfeição. Para tentar interpretar o papel do Cisne negro, Nina entra em uma terapia de choque para aflorar seu lado malicioso, maldoso e até sexual, já que a protagonista é virgem, nunca tendo feito sexo em sua vida e a mesma coloca isso como algo que vai ajuda-la à interpretar a personagem, ato que irá mudar a sua vida e a vida de todos em sua volta, incluindo a de sua mãe superprotetora Erica, interpretada por Barbara Hershey.
Perante a pressão sofrida pelo professor, sua mãe e a competição interna dentro da companhia de Ballet, Nina começa a ter devaneios, alucinações e a se auto flagelar, causando machucados e arranhões em sua pele, mais precisamente em suas costas, onde nascem as asas dos Cisnes, representando a transformação da personagem no papel que tanto quer alcançar.
A protagonista vê a si mesmo em uma versão mais desprendida e maliciosa em vários cantos onde passa, no metrô, na rua, na companhia, representando a dualidade que a mesma enfrenta para conseguir a perfeição. Em meio a tantos temores, há ainda as peças pregadas por sua mente. Sem saber o que é verdade ou mentira, Nina precisa lidar com seus medos interiores expostos diante de si, muitas vezes de forma aterrorizante.
Tudo isso citado, que por si só já é bom, é completado pela direção impecável do talentosíssimo Darren Aronofsky, que faz com que Cisne Negro ocorra de forma paulatina e crescente, como se tudo que vimos fosse uma ópera de fim arrebatador e apoteótico. Uma direção majestosa que tem como apoio uma fotografia, trilha sonora e edição luxuosas. Cisne Negro é um filme avassalador e muito preciso, trazendo Aronofsky em sua plena forma. O dedo do diretor é perceptível, desde as provocações masculinas a Nina até as cenas fortes, que em certos momentos lembram seus trabalhos anteriores como Pi e Réquiem para um Sonho. Um filme sombrio, tenso e por vezes aterrorizante, que apresenta Nina, uma personagem fragilizada e tomada pela pressão, que precisa enfrentar tudo e todos, inclusive seu pior inimigo, ela mesma para finalmente poder alcançar o sonho que sempre buscou: a perfeição.
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História do Ballet Clássico
O Ballet surge na Itália, no período renascentista (início do século XVI). Como forma de entretenimento da corte italiana, as apresentações envolviam dança, poesia, canto e uma orquestra. Em 1581 a princesa Catarina de Médicis, levou o ballet para frança quando se casou com o Henrique II, que se disseminou pela corte francesa. Porém apenas no século seguinte que realmente fez sucesso, na corte de Luís XIV, que também era bailarino, e foi em seu reinado que criou-se em 1661 a Academia Real de Dança.
Nessa escola de dança sobre a direção do compositor italiano Jean-Baptiste Lully e de seu assistente, o professor de dança francês Pierre Beauchamps, o balé se tornaria um espetáculo mais sofisticado, conhecido como “Ópera-Balé” por combinar dança, diálogos e canto. No século XVI o polo de ballet do mundo deixa de ser Paris e passa a ser São Petersburgo, na Rússia ( que até hoje é um dos principais polos do mundo), que foi levado por Serge Diaghilev, que inaugurou o período do balé moderno, com uma companhia própria. E os espetáculos passaram a se concentrar mais na dança e na música.
Nesse século as mulheres passaram a ter mais relevância dentro do espetáculo, elas passaram a usar roupas que permitiam ter mais movimentos, tiraram o salto de seus sapatos, e as coreografias passaram a ter mais giros e saltos, e foi nessa época que uma bailarina passou a dançar nas pontas do pé, movimento/técnica usada até hoje.
No século XX, o ballet russo já é mais famoso do que o francês. Porém as pessoas começam a perder interesse no ballet clássico, devido aos seus limites formais, e os métodos severos, em reação a esse descontentamento é que nasce a dança moderna.
Atualmente o ballet é uma arte ainda elitista, sendo os países mais ricos os que possuem companhias estatais e que fomentam a dança, porém existem muitos projetos sociais responsáveis por levar o ballet clássico as classes mais baixas, fazendo assim com que aos poucos se torne uma arte popular.